domingo, 20 de março de 2011

Tabela do uso do hífen

Tabela de regras do uso do hífen

Tabela do uso do hífen

Hífen

O uso do hífen muda com o Novo Acordo. O quadro abaixo mostra os prefixos em que o hífen deve ou não ser empregado.
  junta-se com hífen  junta-se sem hífen
PrefixosLetra inicial do segundo termoExemplos
Vogal igual à final do prefixovogalhrsbmnoutros
aero, agro, alvi, ante,
anti, arqui, auto,
contra, des1, eletro,
entre, extra, foto, geo,
hidro, in1, infra, intra,
macro, maxi, mega, micro,
mini, moto, multi,
nano, neo, pluri, poli,
proto, pseudo, retro,
semi, sobre, socio,
supra, tele, tri, ultra,
vaso, video
         anti-inflamatório, antissocial, arqui-inimigo, autoestima, autorretrato,
autossuficiente, contrarregra, contra-ataque, extrasseco, infraestrutura,
infravermelho, maxidesvalorização, mega-amiga, micro-organismo,
microssistema, mini-instrumento, minissaia, motosserra, multirracial,
neoneonatal, proto-história, pseudociência, semiárido, semi-integral,
semirrígido, sobre-erguer, sobre-humano, sobressaia, socioeconômico,
suprassumo, tele-homenagem, ultra-apressado, ultrainterino,
ultrassom, vasodilatador.
circum, pan         circum-ambiente, circum-navegar, panceleste
ciber, hiper, inter, super         cibercafé, ciberespaço, interdisciplinar, super-homem, superamigo
sob, sub         subalugar, sub-reitor, sub-humano
mal2         malsucedido, mal-estar, mal-humorado, malnascido
co, re         coautor, cooperar, corresponsável, reavaliar, reescrever
além, aquém, bem2,ex, pós3, pré3, pró3, recém, sem, vice         além-mar, bem-educado, pré-natal, pró-reitor, recém-nascido,
sem-terra, vice-campeão
 1 não se usa hífen quando o segundo termo perdeu o h original: desumano, inábil
 2 usa-se o hífen quando formar com a outra palavra um adjetivo ou substantivo
 3 quando a pronúncia for fechada (pos, pre, pro), liga-se sem hífen ao outro termo: preencher, posposto (exceções: preaquecer, predeterminar, preestabelecer, preexistir)
Atenção: Quando a pronúncia exigir, dobram-se o r e o s do segundo termo.

terça-feira, 8 de março de 2011

1ª e 2ª GUERRAS MUNDIAIS

                                     A Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
                                                     avião da primeira guerra mundial
                         
                                               Avião de combate da Primeira Guerra Mundial            
Antecedentes

  Vários problemas atingiam as principais nações européias no início do século XX. O século anterior havia deixado feridas difíceis de curar. Alguns países estavam extremamente descontentes com a partilha da Ásia e da África, ocorrida no final do século XIX. Alemanha e Itália, por exemplo, haviam ficado de fora no processo neocolonial. Enquanto isso, França e Inglaterra podiam explorar diversas colônias, ricas em matérias-primas e com um grande mercado consumidor. A insatisfação da Itália e da Alemanha, neste contexto, pode ser considerada uma das causas da Grande Guerra.
  Vale lembrar também que no início do século XX havia uma forte concorrência comercial entre os países europeus, principalmente na disputa pelos mercados consumidores. Esta concorrência gerou vários conflitos de interesses entre as nações. Ao mesmo tempo, os países estavam empenhados numa rápida corrida armamentista, já como uma maneira de se protegerem, ou atacarem, no futuro próximo. Esta corrida bélica gerava um clima de apreensão e medo entre os países, onde um tentava se armar mais do que o outro.
    Existia também, entre duas nações poderosas da época, uma rivalidade muito grande. A França havia perdido, no final do século XIX, a região da Alsácia-Lorena para a Alemanha, durante a Guerra Franco Prussiana. O revanchismo francês estava no ar, e os franceses esperando uma oportunidade para retomar a rica região perdida.
   O pan-germanismo e o pan-eslavismo também influenciou e aumentou o estado de alerta na Europa. Havia uma forte vontade nacionalista dos germânicos em unir, em apenas uma nação, todos os países de origem germânica. O mesmo acontecia com os países eslavos.
O início da Grande Guerra

   O estopim deste conflito foi o assassinato de Francisco Ferdinando, príncipe do império austro-húngaro, durante sua visita a Saravejo (Bósnia-Herzegovina). As investigações levaram ao criminoso, um jovem integrante de um grupo Sérvio chamado mão-negra, contrário a influência da Áustria-Hungria na região dos Balcãs. O império austro-húngaro não aceitou as medidas tomadas pela Sérvia com relação ao crime e, no dia 28 de julho de 1914, declarou guerra à Servia.
Política de Alianças

  Os países europeus começaram a fazer alianças políticas e militares desde o final do século XIX. Durante o conflito mundial estas alianças permaneceram. De um lado havia a Tríplice Aliança formada em 1882 por Itália, Império Austro-Húngaro e Alemanha ( a Itália passou para a outra aliança em 1915). Do outro lado a Tríplice Entente, formada em 1907, com a participação de França, Rússia e Reino Unido.
O Brasil também participou, enviando para os campos de batalha enfermeiros e medicamentos para ajudar os países da Tríplice Entente.
Desenvolvimento. 

As batalhas desenvolveram-se principalmente em trincheiras. Os soldados ficavam, muitas vezes, centenas de dias entrincheirados, lutando pela conquista de pequenos pedaços de território. A fome e as doenças eram os inimigos destes guerreiros. Nos combates também houve a utilização de novas tecnologias bélicas como, por exemplo, tanques de guerra e aviões. Enquanto os homens lutavam nas trincheiras, as mulheres trabalhavam nas indústrias bélicas como empregadas.
Fim do conflito

Em 1917 ocorreu um fato histórico de extrema importância : a entrada dos Estados Unidos no conflito. Os EUA entraram ao lado da Tríplice Entente, pois havia acordos comerciais a defender, principalmente com Inglaterra e França. Este fato marcou a vitória da Entente, forçando os países da Aliança a assinarem a rendição. Os derrotados tiveram ainda que assinar o Tratado de Versalhes que impunha a estes países fortes restrições e punições. A Alemanha teve seu exército reduzido, sua indústria bélica controlada,  perdeu a região do corredor polonês, teve que devolver à França a região da Alsácia Lorena, além de ter que pagar os prejuízos da guerra dos países vencedores. O Tratado de Versalhes teve repercussões na Alemanha, influenciando o início da Segunda Guerra Mundial.
A guerra gerou aproximadamente 10 milhões de mortos, o triplo de feridos, arrasou campos agrícolas, destruiu indústrias, além de gerar grandes prejuízos econômicos.

O que foi o Tratado de Versalhes

Assinado em 28 de junho de 1919, o Tratado de Versalhes foi um acordo de paz assinado pelos países europeus, após o final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Neste Tratado, a Alemanha assumiu a responsabilidade pelo conflito mundial, comprometendo-se a cumprir uma série de exigências políticas, econômicas e militares. Estas exigências foram impostas à Alemanha pelas nações vencedoras da Primeira Guerra, principalmente Inglaterra e França. Em 10 de janeiro de 1920, a recém criada Liga das Nações (futuraONU) ratificou o Tratado de Versalhes.

Algumas exigências impostas à Alemanha pelo Tratado de Versalhes:

- reconhecimento da independência da Áustria;
- devolução dos territórios da Alsácia-Lorena à França;
- devolução à Polônia das províncias de Posen e Prússia Ocidental;
- as cidades alemãs de Malmedy e Eupen passariam para o controle da Bélgica;
- a província do Sarre passaria para o controle da Liga das Nações por 15 anos;
- a região da Sonderjutlândia deveria ser devolvida à Dinamarca
- pagamento aos países vencedores, principalmente França e Inglaterra, uma indenização pelos prejuízos causados durante a guerra. Este valor foi estabelecido em 269 bilhões de marcos.
- proibição de funcionamento da aeronáutica alemã (Luftwaffe)
- a Alemanha deveria ter seu exército reduzido para, no máximo, cem mil soldados;
- proibição da fabricação de tanques e armamentos pesados;
- redução da marinha alemã para 15 mil marinheiros, seis navios de guerra e seis cruzadores;

Consequências

As fortes imposições do Tratado de Versalhes à Alemanha, fez nascer neste país um sentimento de revanchismo e revolta entre a população. A indenização absurda enterrou de vez a economia alemã, já abalada pela guerra. As décadas de 1920 e 1930 foram marcadas por forte crise moral e econômica na Alemanha (inflação, desemprego, desvalorização do marco). Terreno fértil para o surgimento e crescimento do nazismo que levaria a Alemanha para um outro conflito armado, a Segunda Guerra Mundial.


                     Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945)
                                   Dia D: Soldados aliados desembarcam na Normandia
                                        segunda guerra mundial
Introdução : As causas da Segunda Guerra Mundial
Um conflito desta magnitude não começa sem importantes causas ou motivos. Podemos dizer que vários fatores influenciaram o início deste conflito que se iniciou na Europa e, rapidamente, espalhou-se pela África e Ásia.
Um dos mais importantes motivos foi o surgimento, na década de 1930, na Europa, de governos totalitários com fortes objetivos militaristas e expansionistas. Na Alemanha surgiu o nazismo, liderado por Hitler e que pretendia expandir o território Alemão, desrespeitando o Tratado de Versalhes,  inclusive reconquistando territórios perdidos na Primeira Guerra. Na Itália estava crescendo o Partido Fascista, liderado por Benito Mussolini, que se tornou o Duce da Itália, com poderes sem limites.
Tanto a Itália quanto a Alemanha passavam por uma grave crise econômica no início da década de 1930, com milhões de cidadãos sem emprego. Uma das soluções tomadas pelos governos fascistas destes países foi a industrialização, principalmente na criação de indústrias de armamentos e equipamentos bélicos (aviões de guerra, navios, tanques etc).
Na Ásia, o Japão também possuía fortes desejos de expandir seus domínios para territórios vizinhos e ilhas da região. Estes três países, com objetivos expansionistas, uniram-se e formaram o Eixo. Um acordo com fortes características militares e com planos de conquistas elaborados em comum acordo.

O Início
O marco inicial ocorreu no ano de 1939, quando o exército alemão invadiu a Polônia. De imediato, a França e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha. De acordo com a política de alianças militares existentes na época, formaram-se dois grupos : Aliados (liderados por Inglaterra, URSS, França e Estados Unidos) e Eixo (Alemanha, Itália e Japão ).
Desenvolvimento e Fatos Históricos Importantes:
- O período de 1939 a 1941 foi marcado por vitórias do Eixo, lideradas pelas forças armadas da Alemanha, que conquistou o Norte da França, Iugoslávia, Polônia, Ucrânia, Noruega e territórios no norte da África. O Japão anexou a Manchúria, enquanto a Itália conquistava a Albânia e territórios da Líbia.
- Em 1941 o Japão ataca a base militar norte-americana de Pearl Harbor no Oceano Pacífico (Havaí). Após este fato, considerado uma traição pelos norte-americanos, os estados Unidos entraram no conflito ao lado das forças aliadas.
- De 1941 a 1945 ocorreram as derrotas do Eixo, iniciadas com as perdas sofridas pelos alemães no rigoroso inverno russo. Neste período, ocorre uma regressão das forças do Eixo que sofrem derrotas seguidas. Com a entrada dos EUA, os aliados ganharam força nas frentes de batalhas. 
- O Brasil participa diretamente, enviando para a Itália (região de Monte Cassino) os pracinhas da FEB, Força Expedicionária Brasileira. Os cerca de 25 mil soldados brasileiros conquistam a região, somando uma importante vitória ao lado dos Aliados.
Final e Consequências
Este importante e triste conflito terminou somente no ano de 1945 com a rendição da Alemanha e Itália. O Japão, último país a assinar o tratado de rendição, ainda sofreu um forte ataque dos Estados Unidos, que despejou bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagazaki. Uma ação desnecessária que provocou a morte de milhares de cidadãos japoneses inocentes, deixando um rastro de destruição nestas cidades.
bomba atômica Bomba Atômica explode na cidade japonesa de Hiroshima
Os prejuízos foram enormes, principalmente para os países derrotados. Foram milhões de mortos e feridos, cidades destruídas, indústrias e zonas rurais arrasadas e dívidas incalculáveis. O racismo esteve presente e deixou uma ferida grave, principalmente na Alemanha, onde os nazistas mandaram para campos de concentração e mataram aproximadamente seis milhões de judeus.
Com o final do conflito, em 1945, foi criada a ONU ( Organização das Nações Unidas ), cujo objetivo principal seria a manutenção da paz entre as nações. Inicia-se também um período conhecido como Guerra Fria, colocando agora, em lados opostos, Estados Unidos e União Soviética. Uma disputa geopolítica entre o capitalismo norte-americano e o socialismo soviético, onde ambos países buscavam ampliar suas áreas de influência sem entrar em conflitos armados.


 

sábado, 5 de março de 2011

Ortografia - perte I

Ortografia e Morfologia – Parte I


-          MAS – MAIS – MÁS

Mas

Mais

Más
Conjunção coordenativa adversativa (porém)
Adição – opõe-se a “menos”
Adjetivo – opõe-se a “boas”

Ex.: Dois MAIS dois são quatro.
        Não sou barqueiro, MAS (porém) sou um bom remador.
        As MÁS companhias.


-          De / mais – demais

De \ mais
Demais
Opõe-se a “de menos”
= exagerado
= muito                      = outros
= bastante                  = os restantes
                         
Ex.: Não vejo nada de mais nisso. (= exagerado)
        Não víamos nada de mais na sua narrativa. (= de exagerado)
        Eles trabalhavam demais, merecem recompensa. (= muito)
         Uns velavam nosso sono, os demais dormiam separados. (= outros)

Modernismo - 1ª fase




Primeiro Tempo Modernista (1ª fase)
Colaboração: Bartolomeu Amâncio da Silva (Prof. Bartô)

O primeiro momento, conhecido como fase heróica, corresponde àSemana de Arte Moderna, em 1922, em São Paulo. Essa semana serviu como elemento de divulgação e dinamização das discordâncias, acelerando o processo de modernização. O objetivo central era se impor contra oNaturalismo, Parnasianismo e Simbolismo ainda vigentes. 

Além disso, visava estabelecer uma teoria estética, nem sempre claramente explicitada por seus criadores e que acaba por renovar o conceito de literatura e de leitor. A Semana incluiu uma série de eventos (l3, l5 e 17 de fevereiro de 1922) no Teatro Municipal de São Paulo, reunindo artistas e intelectuais que, sob o aplauso e vaias da platéia, apresentaram uma espécie de sarau, declamando poemas, lendo trechos de romances, fazendo discursos, expondo quadros e tocando música. 

Alguns acontecimentos, anteriores a 1922, preparam a trajetória do Modernismo; fatos, especificamente, ligados à estética renovadora, se multiplicam. Em 1912, Oswald de Andradetraz da Europa a novidade futurista; em 1913, o pintor Lasar Segall faz uma exposição, negando a pintura acadêmica. Em 1917, a exposição dos quadros de Anita Malfatti, em São Paulo, destacando a pintura expressionista, assimilada na Europa, coloca, de um lado, os que apóiam o novo e, de outro, os conservadores.

Na literatura, a transformação e o rompimento com o velho estão presentes, sobretudo, na obra de Oswald de Andrade, Memórias Sentimentais de João Miramar, publicada em 1916, cuja característica experimental notável se aprofunda em edições posteriores. Em 1920, Oswald e Menotti del Picchia iniciam a campanha de renovação nos jornais, tendo como expoente o poeta Mário de Andrade que, em 1922, traz a público Paulicéia Desvairada. Seu "Prefácio Interessantíssimo" corresponde a um primeiro manifesto estético. 

Outra manifestação, em 1921, são os Epigramas Irônicos e Sentimentais, de Ronald de Carvalho, que, apesar de terem sido publicados em 1922, já revelam a busca por uma nova forma de expressão. No Rio de Janeiro, Manuel Bandeira se utiliza do verso livre. Ao final de 1921, os jovens de São Paulo preparam a Semana, contando com o apoio de Graça Aranha que, ao procurar criar uma filosofia para o movimento, acaba seu líder. Vários escritores do Rio e de São Paulo participam do evento: Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Ronald de Carvalho, Ribeiro Couto, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. 

Sabem que estão produzindo algo de novo, em oposição às tendências dominantes, entretanto não conseguem apontar claramente a trajetória a ser seguida. A esses escritores juntam-se os que publicam pela primeira vez: Luís Aranha Pereira, Sérgio Milliet, Rubens Borba de Moraes, Sérgio Buarque de Holanda, Prudente de Morais (neto), Antonio Carlos Couto de Barros. Unem-se, também, os pintores: Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Emiliano di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro; o escultor Victor Brecheret; o compositor Heitor Villa-Lobos e o historiador Paulo Prado, criador do movimento Pau-Brasil, em 1924. Ainda, em 1922, é lançada a renovadora revista Klaxon, em São Paulo, cuja publicação se estende até o número nove.

O movimento pela nova estética se radicaliza em São Paulo, revelando o aspecto agressivo e polêmico da empreitada. Aos poucos, escritores de norte a sul se ligam ao grupo na batalha de oposição aos conservadores. O espírito nacionalista, inspirado pelo desejo de libertação da tradição européia, toma conta das manifestações e estimula a luta dos renovadores. 

Após a Semana, surgem propostas variadas que dão origem aos grupos: Pau-Brasil, lançado por Oswald de Andrade, cujo nome adotado fazia referência à primeira riqueza brasileira exportada e tinha como princípios a exaltação do Carnaval carioca como acontecimento religioso da raça, o abandono dos arcaísmos e da erudição, a substituição da cópia pela invenção e pela surpresa; o Verde-Amarelo, que se colocava em oposição ao Pau-Brasil, pregava o nacionalismo ufanista e primitivista. Mais tarde, transformou-se no grupo da Anta, escolhida como símbolo da nacionalidade por ter sido o totem da raça tupi; o grupo Regionalista, iniciado no Recife, que pregava o sentimento de unidade do Nordeste; e por fim, o Antropofágico, liderado por Oswald de Andrade, inspirado no quadro Abaporu, (aba, "homem"; poru, "que come"), de Tarsila do Amaral, propõe a devoração da cultura importada com intuito de reelaboração, transformando o que veio de fora em produto exportável. As obras ligadas a esse movimento são Cobra Norato, de Raul Bopp, e Macunaíma, de Mário de Andrade. 

Nesses agrupamentos, o enaltecimento do primitivismo passa a incluir a mitologia e o simbólico, sobretudo no movimento Antropofágico que, propondo a devoração dos valores europeus, lança suas idéias na Revista de Antropofagia (1928-1929).

Nessa primeira fase, o rompimento com o velho, a necessidade de chocar o público e de divulgar novas idéias estão marcados pelo radicalismo. Enquanto várias revistas são criadas por escritores renomados e por iniciantes, o movimento vai se estruturando de forma mais vibrante no Rio e em São Paulo, estendendo-se a Minas e ao polêmico regionalismo nordestino. As publicações variadas são fundamentais para o movimento que, extremamente ativo, se estende até 1930, quando menos agressivo, muda de rumos, principalmente, com referência à prosa, dominada, tradicionalmente, pela literatura oficial, ligada à Academia Brasileira de Letras, antagonista dos "futuristas", ou seja, dos modernistas, "rebeldes excêntricos do período".A partir dessa data, as novas idéias se generalizam, constituindo-se em padrões de criatividade. Findo esse primeiro momento, abre-se espaço para a segunda fase; a fase construtiva que prima pela estabilização das conquistas, com forte apelo social. 

A Poesia - A poesia, produzida na primeira fase, apropria-se do ritmo, do vocabulário e dos temas da prosa, constituindo-se no principal veículo de divulgação do movimento. Abandona os modelos tradicionais do Parnasianismo e deixando de lado os recursos formais, adota o verso livre, sem número determinado de sílabas e sem metrificação, respeitando a inspiração poética. A cadência rítmica é mantida próxima da prosa em obediência à alternância de sons e acentos, demonstrando que a poesia está na essência ou no contraste das palavras selecionadas. A opção pelo verso livre expressa a alteração da música contemporânea, produzida pelo impressionismo, pela dissonância, pela influência do jazz e dodecafonia. 

O registro do cotidiano aparece valorizado por meio de elementos diferenciados, incluindo: a linguagem coloquial; a associação livre de idéias; uma aparente falta de lógica; a mescla de sentimentos contrastantes, revelando o subconsciente e o nacionalismo. Às vezes, a preferência recai sobre o "momento poético" - observação de um determinado aspecto ou de um instante emocional, resultando em condensação poética.

O presente é incorporado aos versos por meio do progresso, da máquina, do ritmo da vida moderna. O humor, igualmente empregado, manifesta-se sob a forma de ironia ou paradoxo, surgindo o poema-piada, condensação irreverente que busca provocar polêmica.

A Prosa - A prosa do período não apresenta o mesmo vigor da poesia, mas revela conquistas importantes. A princípio, demonstra certa densidade, carregada de imagens, provocando tensão pela expressividade de cada palavra. Os recursos são variados como: a aproximação com a poesia, o apoio na fala coloquial e na utilização de períodos curtos. Um dos modernistas, Oswald de Andrade, aplica essas experiências não só em seus artigos e manifestos, mas também na obra Memórias Sentimentais de João Miramar (1924). Trabalha a realidade através de recursos poéticos, empregando metáforas e trocadilhos. Essa técnica, aliada a uma "espécie de estética do fragmentário", compõe-se de espaços em branco na formatação tipográfica e também na seqüência do discurso, cabendo ao leitor a tarefa de dar sentido ao que lê.

Ao lado de Oswald de Andrade, outros escritores se destacam: Antonio de Alcântara Machado com Pathé Baby, Plínio Salgado com O Estrangeiro, José Américo de Almeida com A bagaceira. Há os que dão ênfase à experiência léxica e sintática, tendo como suporte a fala coloquial. Mário de Andrade é um de seus representantes com Amar, Verbo Intransitivo eMacunaíma. Neste último, o novo está, sobretudo, no emprego da lenda, revelando contornos poéticos, derivados da liberdade na escolha do vocabulário, nacionalizando o modo de escrever.